A Brava
é herdeira de uma história gloriosa: No passado, fomos a capital administrativa
da colónia, geramos ideias, tivemos atividade industrial e temos uma herança
invejável na formação dos recursos humanos, da qual a formação dos marítimos é
um legado indelével da nossa história. Todavia, o nosso maior feito terá sido o
nosso contributo à emancipação da identidade Cabo-verdiana, através da
cultura.
Hoje
é necessário olhar para o passado, resolver os problemas do presente e
perspetivar o futuro: Que ilha queremos ter no futuro e o que podemos fazer,
hoje, para construirmos este futuro perante os desafios atuais?
A realidade
da Brava é preocupante. A ilha vive no período da mais longa recessão que a
nossa pequena economia já conheceu e os dados assim o demonstram: Somos a
economia que menos contribui para a geração de riqueza nacional, entre 0.8 -1%
do PIB nacional, temos a mais alta taxa de desemprego do país, cerca de 18, 5%,
e a nossa população tem diminuído de forma considerável.
Estes
são dados que nos devem preocupar, pois, houve, no passado, muitas gerações que
lutaram para edificarem uma ilha que se vem desvanecendo ano-após-ano.
Assim, assistimos, nos últimos anos, à um
declínio contínuo, sem que haja uma estratégia programática de desenvolvimento
para a ilha.
Se analisarmos o contributo da economia das
ilhas, para o PIB nacional, ao longo dos anos, nos apercebemos, facilmente, que
há uma enorme heterogeneidade na economia Cabo-verdiana: O centro do país tem
estado a se afirmar como sendo o grande contribuidor para o produto interno
nacional e algumas ilhas, como a Brava, têm perdido espaço. A economia baseada
nos serviços não tem permitido que a ilha desenvolva os seus sectores
estratégicos, que possibilitem gerar riqueza, criar emprego e aumentar o
rendimento para as famílias. O crescimento débil da ilha não tem acompanhado o
ritmo acelerado de desenvolvimento do país, na última década, e as mudanças que
vão ocorrendo, sobretudo, no que toca ao desenvolvimento dos fatores de
competitividade.
Os
avanços que se deu na educação, as qualificações humanas e a investigação
produzida continuam afastados da ilha. O fraco aproveitamento, pelas empresas,
da qualificação dos recursos humanos continua a ser um problema estrutural na
nossa economia. Este facto advém, em grande medida, da circunstância das
empresas não terem introduzido as inovações decorrentes dos avanços
tecnológicos, o que impossibilitou à ilha de tirar partido da maior
qualificação dos recursos humanos para ganhar eficiência e competitividade.
A conjuntura da ilha é marcada por uma crise
gravíssima, que se traduz numa diminuição acentuada da população, num
desemprego crescente e numa baixa produtividade da economia. Por isso, é cada
vez mais visível a necessidade de haver uma agenda económica para a Brava: uma
agenda que garanta o desenvolvimento sustentável da ilha, que se concentre no
crescimento económico, no desenvolvimento de sectores estratégicos, na
diversificação e alargamento da base produtiva, mas também, que integre a
emigração no desenvolvimento local.
Só
tem futuro quem consegue tirar vantagem do passado, e o passado da Brava
constitui um ativo, que não podemos desperdiçar, para construirmos o futuro. A
nossa história e cultura constituem valores centrais para o nosso desenvolvimento
que, infelizmente, temos desperdiçado. O desenvolvimento passa,
necessariamente, pela existência de uma agenda económica que possibilite a
criação de emprego, assente na introdução das novas tecnologias de informação e
comunicação no meio empresarial, mas também, que permite, igualmente, o reforço
dos sectores estratégicos, com mais inovação, eficiência e produtividade, para
que possamos tirar vantagens dos avanços dos últimos anos, nomeadamente, a
melhoria do sector dos transportes.
A ilha
Brava só tem futuro se conseguir estar na linha da frente das transformações
que Cabo Verde precisa, para enfrentarmos estes tempos desafiantes, marcados
por uma grande incerteza.
Jonathan
Vieira.
https://naalvorada.blogspot.pt/
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