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domingo, 29 de maio de 2016

Sociedade civil e partidos políticos em democracia: A realidade de Cabo Verde

"Somos seres eminentemente políticos". Esta frase dita há milhares de anos atrás é ainda valida para a nossa sociedade atual. Na verdade, a política e a procura do bem comum, encontram-se no cerne da atividade humana, porém, poderemos nos questionar: Será que a democracia se resume aos partidos políticos?
Nas nossas vidas quotidianas quando um cidadão começa a falar sobre um tema de interesse geral, não é muito difícil, que a terceira ou quarta pergunta seja esta, dí qui partido bó é? (qual é o teu partido?). Isto é o mais comum na maioria das conversas que todos nós temos uns com os outros, porque muitas vezes, reduzimos a democracia aos partidos políticos e à sua atividade.
Para lidar com um determinado problema local, a nossa primeira reação é, muitas vezes, nu bai tchoma autoridade, es tem qui resolveno nós problema! (Vamos chamar a autoridade, eles têm que resolver o nosso problema!).
De facto, isto é o reflexo da nossa visão da democracia, centramos tudo nos partidos políticos e no Estado, e não damos espaço para participação da sociedade civil, que nas democracias modernas, tem um papel importantíssimo. Em todo o mundo, os movimentos sociais alastram-se, mudando a realidade e desempenhando um papel fundamental de fiscalização e de ação, influenciando, desta forma, o exercício do poder.
Desta reflexão não podemos omitir o papel, também ele, importante, que os partidos políticos, representam na sociedade, por conseguirem agregar as mais diversas visões da sociedade em torno daquilo que consideram ser do interesse da população e que através do exercício do poder, pretenderão implementar.
Se os partidos políticos são importantes, o exercício da democracia não se resume à sua atividade. Infelizmente, ainda, se organizarmos uma manifestação ou qualquer ato público, que seja do interesse geral, é muito fácil sermos conotados com partidos políticos ou, até mesmo, não participamos pelo receio de nos ligaram à atividade político-partidária.
A liberdade de associação e de expressão, entre outras, são direitos e garantias constitucionais que não servem se ficarem apenas no papel, mas sim se forem vivenciadas, porque a lei fundamental do país assim o consagra. Por isso, quando qualquer cidadão começa a falar, em vez de fazermos a pergunta de que partido é ele, é altura de perguntarmo-nos porque é que ele fala de um determinado assunto, e qual é o contributo para a melhoria da sociedade da qual fala.
Há uma sociedade para além dos partidos políticos e quanto mais a sociedade civil for dinâmica, participativa e eloquente mais sai a ganhar Cabo Verde, um país que em termos democráticos tem feito progressos notáveis, sendo visível não só pelo facto de termos uma democracia estável e exemplar no contexto africano, mas também pelo nível do debate politico, que de uma forma branda tem aumentado de qualidade, e que se traduzem numa melhoria significativa das condições de vida das pessoas e nos ganhos que o país tem tido ao longo dos anos.
É necessária uma sociedade civil que participa no debate político e nos partidos políticos, mas que não se restringe a ela, porque, para além dos partidos políticos, há o interesse das pessoas e há, sobretudo, o bem comum, o alicerce da nossa organização social.

Jonathan Vieira

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