"Somos seres
eminentemente políticos". Esta frase dita há milhares de anos atrás é ainda
valida para a nossa sociedade atual. Na verdade, a política e a procura do bem
comum, encontram-se no cerne da atividade humana, porém, poderemos nos
questionar: Será que a democracia se resume aos partidos políticos?
Nas
nossas vidas quotidianas quando um cidadão começa a falar sobre um tema de
interesse geral, não é muito difícil, que a terceira ou quarta pergunta seja
esta, dí qui partido bó é? (qual é o teu partido?). Isto é o mais comum na
maioria das conversas que todos nós temos uns com os outros, porque muitas
vezes, reduzimos a democracia aos partidos políticos e à sua atividade.
Para
lidar com um determinado problema local, a nossa primeira reação é, muitas
vezes, nu bai tchoma autoridade, es tem qui resolveno nós problema! (Vamos
chamar a autoridade, eles têm que resolver o nosso problema!).
De
facto, isto é o reflexo da nossa visão da democracia, centramos tudo nos
partidos políticos e no Estado, e não damos espaço para participação da
sociedade civil, que nas democracias modernas, tem um papel importantíssimo. Em
todo o mundo, os movimentos sociais alastram-se, mudando a realidade e
desempenhando um papel fundamental de fiscalização e de ação, influenciando,
desta forma, o exercício do poder.
Desta
reflexão não podemos omitir o papel, também ele, importante, que os partidos
políticos, representam na sociedade, por conseguirem agregar as mais diversas
visões da sociedade em torno daquilo que consideram ser do interesse da
população e que através do exercício do poder, pretenderão implementar.
Se os
partidos políticos são importantes, o exercício da democracia não se resume à
sua atividade. Infelizmente, ainda, se organizarmos uma manifestação ou qualquer
ato público, que seja do interesse geral, é muito fácil sermos conotados com
partidos políticos ou, até mesmo, não participamos pelo receio de nos ligaram à
atividade político-partidária.
A
liberdade de associação e de expressão, entre outras, são direitos e garantias
constitucionais que não servem se ficarem apenas no papel, mas sim se forem
vivenciadas, porque a lei fundamental do país assim o consagra. Por isso,
quando qualquer cidadão começa a falar, em vez de fazermos a pergunta de que
partido é ele, é altura de perguntarmo-nos porque é que ele fala de um
determinado assunto, e qual é o contributo para a melhoria da sociedade da qual
fala.
Há
uma sociedade para além dos partidos políticos e quanto mais a sociedade civil
for dinâmica, participativa e eloquente mais sai a ganhar Cabo Verde, um país
que em termos democráticos tem feito progressos notáveis, sendo visível não só
pelo facto de termos uma democracia estável e exemplar no contexto africano,
mas também pelo nível do debate politico, que de uma forma branda tem aumentado
de qualidade, e que se traduzem numa melhoria significativa das condições de
vida das pessoas e nos ganhos que o país tem tido ao longo dos anos.
É
necessária uma sociedade civil que participa no debate político e nos partidos
políticos, mas que não se restringe a ela, porque, para além dos partidos
políticos, há o interesse das pessoas e há, sobretudo, o bem comum, o alicerce
da nossa organização social.
Jonathan Vieira
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