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sábado, 28 de maio de 2016

O desafio dos partidos políticos: ou se adaptam ou não servem ao país

Um dos temas que mais tem gerado interesse nos últimos tempos é a incapacidade das democracias ocidentais em representarem os seus cidadãos. Nas palavras de Winston Curchill , “a democracia é a pior forma de governo, exceptuando todas as outras formas de governo experimentadas”. Sem colocar em causa o modelo, é bem visível que os cidadãos sentem-se menos representados, o que deu origem a um enorme afastamento dos cidadãos em relação à política e a vida político-partidária.
Ao contrário do que, muitas vezes se pensa, em qualquer democracia que se preze é muito preocupante que os cidadãos tenham uma atitude de afastamento em relação à política, o que acontece, porque ela é vista como um elemento de conflitualidade social e afastado da vida dos cidadãos, e não como um meio de discussão ideológica e programática para a prossecução do bem comum.
À este afastamento surgem, cada vez mais, tentativas de se ocupar este espaço político, dos cidadãos não representados, o que suscitou a perceção que não havia partidos políticos suficientes, ou que, os que existem, são incapazes de representarem os seus concidadãos. Esta incapacidade de representação deu origem, em alguns casos, à partidos políticos assentes no populismo, e em outros casos, à um aumento vertiginoso da abstenção eleitoral.
Este facto é um desafio aos partidos políticos no sentido de se abrirem à sociedade civil e serem elementos atuantes na construção de ideias e de consensos no meio social, caso contrário, as máquinas partidárias, se não conseguirem cumprir o papel fundamental que lhes é reconhecido, correm o risco de se tornarem, de facto, em elementos obsoletos nas sociedades.
É uma falácia pensar que com mais partidos políticos os cidadãos serão melhores representados e para uma realidade político-partidária como Cabo Verde, um país arquipelágico com poucos recursos e com três partidos dominantes, com papéis determinantes nos maiores ganhos do país, a independência e a democracia, a solução, a meu ver, não será enviesarmos pelo caminho de um aumento crescente do número dos partidos políticos existentes.
Os amanhas que cantam neste Cabo Verde que queremos construir, irão ser muito exigentes: para um país arquipelágico e desprovido de recursos a capacidade dos cidadãos em encontrarem, de forma criativa, soluções que criem condições para a construção de um país próspero, passará por uma maior agregação de vontades, no qual os partidos políticos terão um papel fundamental.
Aos partidos políticos surgem, também, novas formas de participação social, como é exemplo o II fórum de transformação Cabo Verde 2030, transmitido em directo através da internet para toda a diáspora, e do qual saíram importantes contributos para para o futuro do país.

Neste novo contexto emergente, ou os partidos políticos, se adaptam, ou se tornarão elementos arcaicos numa realidade muito exigente para o país. É vital que se crie consensos baseados numa ampla discussão sobre o futuro do país, nos seus diversos quadrantes, e que os partidos políticos se esforcem na agregação de vontades na construção de um país dinâmico, competitivo e inovador. 

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