Ao contrário do
que, muitas vezes se pensa, em qualquer democracia que se preze é muito
preocupante que os cidadãos tenham uma atitude de afastamento em relação à
política, o que acontece, porque ela é vista como um elemento de
conflitualidade social e afastado da vida dos cidadãos, e não como um meio de
discussão ideológica e programática para a prossecução do bem comum.
À este
afastamento surgem, cada vez mais, tentativas de se ocupar este espaço
político, dos cidadãos não representados, o que suscitou a perceção que não
havia partidos políticos suficientes, ou que, os que existem, são incapazes de
representarem os seus concidadãos. Esta incapacidade de representação deu
origem, em alguns casos, à partidos políticos assentes no populismo, e em
outros casos, à um aumento vertiginoso da abstenção eleitoral.
Este facto é um
desafio aos partidos políticos no sentido de se abrirem à sociedade civil e serem
elementos atuantes na construção de ideias e de consensos no meio social, caso
contrário, as máquinas partidárias, se não conseguirem cumprir o papel
fundamental que lhes é reconhecido, correm o risco de se tornarem, de facto, em
elementos obsoletos nas sociedades.
É uma falácia
pensar que com mais partidos políticos os cidadãos serão melhores representados
e para uma realidade político-partidária como Cabo Verde, um país arquipelágico
com poucos recursos e com três partidos dominantes, com papéis determinantes
nos maiores ganhos do país, a independência e a democracia, a solução, a meu
ver, não será enviesarmos pelo caminho de um aumento crescente do número dos
partidos políticos existentes.
Os amanhas que
cantam neste Cabo Verde que queremos construir, irão ser muito exigentes: para
um país arquipelágico e desprovido de recursos a capacidade dos cidadãos em
encontrarem, de forma criativa, soluções que criem condições para a construção
de um país próspero, passará por uma maior agregação de vontades, no qual os
partidos políticos terão um papel fundamental.
Aos partidos
políticos surgem, também, novas formas de participação social, como é exemplo o
II fórum de transformação Cabo Verde 2030, transmitido em directo através da
internet para toda a diáspora, e do qual saíram importantes contributos para
para o futuro do país.
Neste novo
contexto emergente, ou os partidos políticos, se adaptam, ou se tornarão
elementos arcaicos numa realidade muito exigente para o país. É vital que se
crie consensos baseados numa ampla discussão sobre o futuro do país, nos seus
diversos quadrantes, e que os partidos políticos se esforcem na agregação de vontades
na construção de um país dinâmico, competitivo e inovador.
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