Nos últimos tempos se tem acentuado no país o debate sobre a
regionalização, no qual o modelo mais consensual parece ser o de região-ilha.
Esse processo, independentemente do fim que venha a ter, terá importantes
consequências no panorama nacional, e o país como um todo terá de responder à
esse grande desafio que visa implementar uma efectiva descentralização do poder.
Ela só fará sentido se consubstanciar em pleno desenvolvimento, sendo essa uma das
principais motivações para que o país encarasse a regionalização como um
caminho seguro para o desenvolvimento. Regionalização e desenvolvimento são
pois uma realidade integrada.´
Em qualquer quadro no qual se venha a
desenrolar o processo da regionalização é indispensável que estejamos atentos
as consequências que daí advenham, mas também que nos posicionemos para que as
nossas oportunidades de desenvolvimento sejam salvaguardadas. O desafio da
regionalização será enorme: estamos falando da ilha que provavelmente tem menos
propensão para o turismo, com um mercado interno pouco desenvolvido e por
consequência uma das economias mais pequenas do arquipélago. Enfrentamos sérias
desvantagens relativamente as outras ilhas, desde logo, o nosso posicionamento
periférico em relação ao centro do poder mas também pela nossa dimensão.
A realidade da Brava nos últimos
tempos é de facto preocupante: o nosso
mercado interno, por si só, pequeno, não cresceu, um cenário pouco encorajador
para o investimento privado.
A falta de crescimento económico
reflectiu-se numa diminuição acentuada da população: Dados do INE, demonstram
que, em 1940 a nossa população era estimada em cerca de 8.528, diminuindo em
1990 para 6.985 e em 2010 a população residente foi contabilizada em cerca de
5.995 confirmando a tendência decrescente da nossa população.
Vários fatores poderão estar na
origem desse fenómeno, sendo o mais provável, a falta de crescimento económico
e as suas inevitáveis consequências em relação ao desemprego, um problema
estrutural em Cabo Verde, e que assume proporções ainda mais dramático numa
ilha sobretudo rural, agudizando ainda mais a matriz cultural que a emigração
envergou por estas paragens.
Este cenário é um claro declínio de
uma ilha que me parece reticente em relação ao desenvolvimento, há uma
necessidade clara de uma estratégia pragmática de desenvolvimento e uma
definição clara dos sectores nos quais a nossa ilha se deve ancorar para uma real
integração na economia nacional.
Para uma pequena economia como a
nossa não há uma solução milagrosa que nos possa colocar na rota do
crescimento, contudo, uma verdadeira integração dos vários sectores da nossa
pequena economia parece-me um desafio que a médio longo prazo devia ser
considerado para que se possa consolidar um mercado interno muito debilitado.
Sem se saber ao certo o desfecho do
processo da regionalização a nossa ilha terá de se preparar para este desafio,
pois, ela acarretará importantes consequências administrativas e politicas o que
implicará uma preparação adequada seja qual for que venha a ser o cenário. A
regionalização irá definir uma geografia concorrencial diferente do que existe
hoje no arquipélago. Nos moldes que se tem definido o processo, cada ilha terá
uma maior autonomia delegada pelo poder central, mas também um maior encargo no
sentido de se desenvolver a nível local contribuindo dessa forma para o todo
nacional.
Qualquer política que se queira
desenvolver não se pode basear na pura reação aos fenómenos, mas sim na
antecipação destas, caso contrario, poderemos sofrer sérias consequências em
relação há um processo em curso e que poderá destabilizar e até aniquilar as
nossas hipóteses de desenvolvimento.
O regionalismo é certamente um
processo importante e um caminho seguro para o desenvolvimento do nosso país, a
sua implementação deverá ter em conta a equidade e igualdade de oportunidade de
progresso para todos os cidadãos e ilhas de cabo verde.
Jonathan
Vieira
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