Páginas

sábado, 28 de maio de 2016

Brava: Regionalização e Desenvolvimento

Nos últimos tempos se tem acentuado no país o debate sobre a regionalização, no qual o modelo mais consensual parece ser o de região-ilha. Esse processo, independentemente do fim que venha a ter, terá importantes consequências no panorama nacional, e o país como um todo terá de responder à esse grande desafio que visa implementar uma efectiva descentralização do poder. Ela só fará sentido se consubstanciar em pleno desenvolvimento, sendo essa uma das principais motivações para que o país encarasse a regionalização como um caminho seguro para o desenvolvimento. Regionalização e desenvolvimento são pois uma realidade integrada.´

Em qualquer quadro no qual se venha a desenrolar o processo da regionalização é indispensável que estejamos atentos as consequências que daí advenham, mas também que nos posicionemos para que as nossas oportunidades de desenvolvimento sejam salvaguardadas. O desafio da regionalização será enorme: estamos falando da ilha que provavelmente tem menos propensão para o turismo, com um mercado interno pouco desenvolvido e por consequência uma das economias mais pequenas do arquipélago. Enfrentamos sérias desvantagens relativamente as outras ilhas, desde logo, o nosso posicionamento periférico em relação ao centro do poder mas também pela nossa dimensão.
A realidade da Brava nos últimos tempos  é de facto preocupante: o nosso mercado interno, por si só, pequeno, não cresceu, um cenário pouco encorajador para o investimento privado.
A falta de crescimento económico reflectiu-se numa diminuição acentuada da população: Dados do INE, demonstram que, em 1940 a nossa população era estimada em cerca de 8.528, diminuindo em 1990 para 6.985 e em 2010 a população residente foi contabilizada em cerca de 5.995 confirmando a tendência decrescente da nossa população.
Vários fatores poderão estar na origem desse fenómeno, sendo o mais provável, a falta de crescimento económico e as suas inevitáveis consequências em relação ao desemprego, um problema estrutural em Cabo Verde, e que assume proporções ainda mais dramático numa ilha sobretudo rural, agudizando ainda mais a matriz cultural que a emigração envergou por estas paragens.
Este cenário é um claro declínio de uma ilha que me parece reticente em relação ao desenvolvimento, há uma necessidade clara de uma estratégia pragmática de desenvolvimento e uma definição clara dos sectores nos quais a nossa ilha se deve ancorar para uma real integração na economia nacional.
Para uma pequena economia como a nossa não há uma solução milagrosa que nos possa colocar na rota do crescimento, contudo, uma verdadeira integração dos vários sectores da nossa pequena economia parece-me um desafio que a médio longo prazo devia ser considerado para que se possa consolidar um mercado interno muito debilitado.
Sem se saber ao certo o desfecho do processo da regionalização a nossa ilha terá de se preparar para este desafio, pois, ela acarretará importantes consequências administrativas e politicas o que implicará uma preparação adequada seja qual for que venha a ser o cenário. A regionalização irá definir uma geografia concorrencial diferente do que existe hoje no arquipélago. Nos moldes que se tem definido o processo, cada ilha terá uma maior autonomia delegada pelo poder central, mas também um maior encargo no sentido de se desenvolver a nível local contribuindo dessa forma para o todo nacional.
Qualquer política que se queira desenvolver não se pode basear na pura reação aos fenómenos, mas sim na antecipação destas, caso contrario, poderemos sofrer sérias consequências em relação há um processo em curso e que poderá destabilizar e até aniquilar as nossas hipóteses de desenvolvimento.
O regionalismo é certamente um processo importante e um caminho seguro para o desenvolvimento do nosso país, a sua implementação deverá ter em conta a equidade e igualdade de oportunidade de progresso para todos os cidadãos e ilhas de cabo verde.

                                                                                                                                                                                           Jonathan Vieira

0 comentários :

Enviar um comentário