Páginas

sábado, 16 de julho de 2016

A importância da eleição autárquica para a mudança de paradigma no desenvolvimento da ilha Brava.

A eleição autárquica que irá decorrer no próximo mês de Setembro terá uma importância vital para o desenvolvimento da ilha. A autarquia, por ser o poder, por definição, mais próximo das pessoas, tem uma importância vital na vida dos cidadãos. Independentemente do partido ou do projeto político que vier a ganhar a eleição, há uma eminente necessidade de mudança de paradigma na gestão autárquica na ilha.

A Brava é a ilha mais pequena do país e não obstante os seus valiosos recursos: um povo trabalhador, uma ligação muito forte à diáspora, uma enorme tradição marítima, uma agricultura pujante, um clima ameno e diferente das restantes ilhas, uma ilha com enormes potencialidades de desenvolvimento, a realidade é que tem sido das ilhas que menos se tem desenvolvido.

Infelizmente, nos últimos anos, é notório a inexistência de um verdadeiro projeto de desenvolvimento local: A centralização do desenvolvimento no nosso pequeno mercado interno que, por si só, não consegue dar azo as legítimas expectativas de crescimento económico, conduziu a um apaziguamento do crescimento económico sem precedentes na história do país e numa diminuição acentuada da população local.

 Por isso, não é de se espantar que ao mesmo tempo que assistimos a investimentos públicos muito grandes, vemos, de igual forma, uma diminuição da população local. Esta constatação nos deve fazer refletir se estamos, realmente, a investir na melhoria das condições de vida dos bravenses ou se, simplesmente, estamos a gastar dinheiro público sem resultados.

O que se está a passar na Brava é gravíssimo: a população tem diminuído de ano para ano, a juventude da ilha não consegue ali fixar residência, pois, as expectativas de desenvolvimento pessoal, de trabalho, parecem ter terminado, sem que ninguém, demonstre ou aparenta estar preocupado com o problema.

Assim, assistimos à uma emigração como nunca de antes visto, um desemprego que bate recorde no contexto nacional, à uma economia frágil e de subsistência, que não cria emprego, que não contribui para a geração de riqueza e que se sustenta na prestação de pequenos serviços. Neste quadro, a ilha se tem definhado, sem que os reais problemas tenham uma resposta séria e ponderada, tendo por base um projeto de futuro.

O problema é mesmo político. A autarquia não pode ser um construtor de obras, uma entidade afastada da vida das pessoas, não pode se afastar dos reais problemas da ilha e definir a construção de obras que são tudo, menos aquilo que as pessoas mais precisam.

Em pleno século XXI nenhuma economia, por mais pequena que ela seja, pode sobreviver com um défice continuo na balança comercial. Por mais que nos esforcemos e que se construa obras públicas, sem se resolver o problema económico, a ilha não se irá desenvolver. O desenvolvimento económico não acontece por milagre, não é, fazendo nada, que o crescimento irá aparecer, mas é, sobretudo, apostando no desenvolvimento dos fatores de competitividade que ela poderá ocorrer. 


A Câmara Municipal tem de ser uma entidade com competências técnicas, não só, para executar obras e projetos, mas para pensar a ilha com uma visão abrangente e que não se concentre, apenas, em apagar os fogos ou ir resolvendo os problemas. É preciso ter uma visão de longo prazo, que compreenda os problemas e que conceba políticas públicas adequadas para resolver os problemas momentâneos, mas também,  para preparar a ilha para o futuro.