Reza a lenda que no
auge do absolutismo europeu, durante o século XVII, foi proferida pelo Monarca
Francês Luís XIV a célebre frase “l'etat c'est moi”, em português, “o Estado
sou eu”.
Nas democracias acreditamos que o poder emana do povo e das instituições. Todavia, hoje é unânime na nossa sociedade que a vitalidade democrática depende de cada um de nós, cidadãos, que compõem a comunidade política.
Nas democracias acreditamos que o poder emana do povo e das instituições. Todavia, hoje é unânime na nossa sociedade que a vitalidade democrática depende de cada um de nós, cidadãos, que compõem a comunidade política.
Uma das grandes
diferenças entre as democracias e os restantes regimes políticos reside no
facto da democracia exigir cidadãos ativos, mas também, de termos a plena
convicção que a democracia é sempre um projeto inacabado, que a consolidação
democrática exige participação cívica e responsabilidade partilhada pela
comunidade.
Na verdade, a escolha
democrática não é apenas uma escolha de progresso mas, sobretudo, uma escolha
de liberdade e para a liberdade. Como tão bem nos ensinou Tocqueville “ O que em todos os tempos a liberdade
prendeu tão fortemente o coração de certos homens são os seus próprios
atrativos, o seu próprio encanto, independentemente dos seus benefícios, é o
prazer de poder falar, agir, respirar sem constrangimento, sob o único governo de
Deus e das leis. Quem procurar na liberdade outra coisa para além dela própria
foi feito para servir. “
Se a opção pela democracia não é, apenas, uma opção de progresso, mas sobretudo de liberdade, não é de se ignorar que a sociedade, capitalista ou pós-capitalista, no qual vivemos, pressupõe que o progresso e bem – estar material seja, também, um dos
fins do Estado moderno. A democracia requer a participação cívica, não só na
tomada de decisões políticas, mas também, a participação na democracia económica,
contribuindo, como o nosso trabalho, para a produtividade económica e exigindo a
sua justa repartição, visando o bem-estar comun.
Nas nossas sociedades
atuais tornou-se rotineiro exigir do Estado (que somos nós) melhores condições
de desenvolvimento e crescimento pessoal e coletivo. Os próprios políticos,
representantes do povo, nas campanhas eleitorais passaram a prometer dar
benefícios e levar o desenvolvimento às pessoas. Sintetizando, tanto no cidadão
comum como os políticos, generalizou-se a ideia que o Estado é uma figura
mítica, distante do cidadão e responsável pelo desenvolvimento económico,
social, cultural e até pessoal.
Ao analisarmos a
crescente assunção do papel do Estado nas sociedades atuais, nos apercebemos,
facilmente, que, no passado, o crescimento do papel do Estado nas sociedades
teve uma relação direta com o crescimento da produtividade económica do Estado.
Na verdade, se nas
democracias acreditamos que o poder do Estado emana do povo, acreditamos,
também, que a capacidade de ação do Estado advém da capacidade do seu povo e
das condições que ele, o povo, com o seu trabalho, possibilita ao Estado para
intervir, elevando ou diminuindo o seu grau de intervenção consoante o grau do
crescimento económico.
Se no passado as
políticas sociais do Estado, na sua grande maioria, eram financiados pelas
receitas fiscais, atualmente, apesar do aumento crescente dos recursos do
Estado, através da arrecadação dos impostos, a grande maioria das políticas
sociais são feitas com recurso aos empréstimos externos que as gerações
vindouras terão de pagar.
O aumento do
endividamento externo dos Estados tem consequências económicas completamente
imprevisíveis como demonstrou a crise das dívidas soberanas na Europa. A reposta a crise gerada pelo endividamento não é dogmática, isto é, a
receita depende sempre do contexto económico de cada Estado em particular.
o crescimento da divida pública não deve impossibilitar os Estados de fazerem os investimentos que se enquadram num projecto de crescimento económico e desenvolvimento, pois, o endividamento dos Estados, ao longo da história, foi
sempre sofrendo alterações: Por exemplo, países como o Reino Unido ou a França
tiveram ao longo da sua história dívidas públicas que rondaram os 200% do
PIB.
O desafio que se
coloca atualmente aos Estados modernos ultrapassa questões ideológicas e
políticas e interpela os cidadãos a demanda por políticas públicas
sustentáveis e aos decisores públicos a uma maior adequação das políticas
públicas à realidade económica dos Estados.
Em relação ao cidadão é um dos papeis centrais do Estado proporcionar a sua qualificação, capacitando-o para ser o dono do seu destino, promovendo, ao mesmo tempo, políticas públicas que garantam condições condignas de crescimento económico e desenvolvimento.
Em relação ao cidadão é um dos papeis centrais do Estado proporcionar a sua qualificação, capacitando-o para ser o dono do seu destino, promovendo, ao mesmo tempo, políticas públicas que garantam condições condignas de crescimento económico e desenvolvimento.